terça-feira, 19 de agosto de 2014

Coração de mãe


Há uma velha máxima que diz que quando cabe mais um é sempre como coração de mãe. Não poderia haver comparação melhor. Coração materno é um lugar grande o suficiente para caber a todos e, ao mesmo tempo, tão aconchegante a ponto de parecer pequeno o bastante para caber apenas um. 
Sempre que escuto isso fico me perguntando porquê é tão difícil ter um sentimento assim. Será que é mesmo necessário carregar alguém por nove meses no ventre para sentir um amor incondicional? Ok. Ninguém aqui quer dizer que pode-se amar mais que uma mãe. Mas por que não tentar?
Para provar que é possível, fiz uma lista de coisas simples que podem engrandecer um amor e, com certeza, quem o oferece:

1- cuide. E por cuidar não quero dizer caçar, stalkear, saber de cada passo. Mas ir à farmácia comprar um remédio pra gripe, dar um chocolate pra adoçar o dia ou mandar mensagens engraçadas para alegrar alguém;
2- faça a diferença. Não precisa dizer: "ei! Estou aqui! Sou o amor da sua vida, só você não vê"! Ou qualquer dessas coisas que a Pitty tenha lhe ensinado na adolescência. Já pensou em perguntar como foi o dia de alguém? Isso pode fazer a diferença;
3- divida. Seu dia, seus desejos, seus medos, um sorvete;
4- ofereça o coração. O ombro não basta. Nele dá pra chorar, mas no colo se pode afogar as mágoas; na boca, os desejos; nos olhos, a alma; no coração é possível se encontrar;
5- silencie. Se não tiver nada a dizer, cale. Às vezes tudo que alguém precisa é saber que do outro lado da porta há uma companhia;
6- aconselhe. Há quem diga que se conselho fosse bom, não era de graça. Tola visão capitalista de um sentimento que não tem preço. Só aconselha quem quer o bem. Algumas críticas são construtivas e, essas sim, são feitas por quem quer construir em você uma pessoa ainda melhor;
7- ame os defeitos. Para toda mãe, o filho é perfeito. Sabemos que não há algo como a perfeição completa, mas ela existe sim. Está em cada imperfeição do outro que aprendemos a aceitar e amar. Não é tão difícil. É só unir a matemática ao português. Às vezes é preciso subtrair para somar. 
Imperfeição - im = amor;
8- faça um bolo de chocolate. Sim, por que não? Por mais que você já tenha comido o bolo da sua mãe, o gosto é sempre melhor quando ele é feito de surpresa;
9- trate bem os amigos. Eles são família e, se você não for a mãe de fato, - bom, espero que não - eles vem primeiro. É com eles que todos nos sentimos em casa. Se for entrar na casa de alguém, seja legal;
10- não espere nada em troca. Esse é o mais importante item dessa lista. O amor não é necessariamente uma via de mão dupla, mas uma estrada que faz um retorno natural em algum ponto. Amar não é receber. É dar tudo que alguém precisa simplesmente porquê você quer vê-lo feliz.

Não é preciso carregar alguém no ventre pra ser um pouco mãe, mas no coração. E quando ele é grande cabe uma pessoa e um mundo de possibilidades.

W.A.M.

Um comentário:

Nara Thaís Guimarães disse...

Interessante ler esse texto hj, num dia em que, lá no espaço, a Lua entra em casa, na casa de Câncer, cuja simbologia é de Mãe, de memória, de casa, de passado, de cuidado. Todo relacionamento é base de aprendizado e em potencial pode sempre gerar muito amor, mas isso parte de um gesto de "dar o coração". Tb me lembrou de um texto sobre a deusa Afrodite, cuja simbologia é ser a deusa do amor e dos relacionamentos. Alguém escreveu: "Afrodite não quer nada menos que o coração. Isso que importa". E por ser uma deusa-mãe, Afrodite mostra uma maternidade diferente de Deméter, de Perséfone, e de todas as demais deusas do panteão. O que significa ser uma função possível de ser vivida e exercida em qualquer relacionamento, seja como um filho ou filha, seja com amigos, com projetos, com grupos, consigo. Cabe a cada um a escolha de deixar-se nutrir por esse amor e expandir. Assim me veio ao ler o post... =)