terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Medo


As lágrimas desenhavam o rosto da garotinha. Formavam figuras quase invisíveis na face pálida. Sentia-se só em meio a tantos olhos fixos. Olhos que a amedrontavam. Grandes e mortos naquelas pequenas criaturinhas com as quais insistiam em presenteá-la. Com o gosto do sal, adormeceu. 
O nariz foi o primeiro a acordar. Detectou algo familiar que caminhava à sua frente como papai noel entregando um presente de natal. Era o cheiro do cuzcuz da vovó.
A tristeza ficou para trás durante a corrida até a cozinha. Foram alguns segundos que pareceram uma eternidade. Apostou corrida com o tempo e com a infância... pela primeira vez perdeu.
No fogão apenas a panela vazia. Na porta uma jovem senhora. Curvada, com olhos tristes e um sorriso no rosto. Tentou balbuciar algo, mas a voz trancava-lhe a garganta. Apenas sorriu, se virou e deixou o lugar sem olhar para trás.
Deixou a mesa pronta com uma última refeição, a cadeira de rodas abandonada no canto da sala e no meio de tudo uma mulher que um dia fôra uma criança amedrontada pelas bonecas. Deixou a filha que não saiu de seu ventre tomada pelo maior medo. Ver o coração saindo pela porta sem dizer adeus.

W.A.M.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Parabéns



Mana, hoje é um dia especial não apenas para você, mas para todos nós que tivemos a sorte de tê-la em nossas vidas, por isso resolvemos utilizar este espaço para que você saiba (se é que já não o sabe) o que é para nós.

“A gente vive num mundo tão louco que encontrar alguém com o qual valha a pena viver, repartir nossas experiências, alegrias e medos passa a ser um luxo! Fico pensando o que posso ter feito para ter agradado tanto a Deus que Ele escolheu te colocar ao meu lado, sendo minha companheira fiel de todos os momentos! Não sei o que foi, mas sei que agradeço muito por isso! Nossa sincronia de pensamentos, nossa interligação de sentimentos, nossas vontades de fazer coisas semelhantes.. essa amizade tão linda, tão forte, embalada por música gessingerianas marcantes.. são muitos momentos, Vida... são muitas histórias.. e o mais importante é que também é muito amor e muito respeito.
Hoje, mesmo de longe, quero que tu sinta meu abraço. E quero que tu saiba que, independente de quão longe fisicamente estejamos, nossos corações estão sempre pertos! E, se a distância física fizer a saudade apertar, I gotta another confession, my friend.. Think of this: Estamos debaixo do mesmo céu, respirando o mesmo ar.. não podemos estar tão longe assim! Talvez isso acalente seu coração.. Aprendi isso com uma grande pessoa ;)
Que Papai do Céu possa iluminar sua vida (não me refiro a mim, mas esse é um bom pedido também ;P) e lhe fazer uma pessoa cada vez maior, com condições de viver em paz e com muita felicidade.. e levando, como sempre, alegrias e alegrias pelos cantos pelos quais vc passa!
Te amo? Bom, é pouco. Mas não sei como se expressa um sentimento maior do que o amor! Então, te amo, sim, mas também te admiro demais! Te amo, sim, e te agradeço por me ajudar a ser uma pessoa maior! Te amo, sim! E te amo! Parece pouco, né? Mas eu te amo com o amor mais lindo desse mundo e ele vem cheio dos melhores desejos que possam existir!
Felicidades, paz, saúde, amor, sucesso, evolução e crescimento sempre, Vidinha!
Beijo grande de quem muito te quer bem!”
Vida

“A fidelidade de uma verdadeira amizade”
 PatyBza

“O que a Luh representa pra mim: A irmandade que se fez em 4 anos de amizade. E hoje em dia já é minha filha!”
Clio

“Lu, amore! Deus foi tão bom comigo que colocou você no meu caminho! E eu tava tão perdida e triste pq não tinha passado de primeira no vest... mas conheci vcs (tu, lala, patika, kcimm, di). Você me ensinou tantas coisas e me fez rir tantas vezes!! Ter você como amiga não é para poucos!! O melhor de tudo: É VERDADEIRO! Você é a única pessoa q eu pergunto "Lu, to gorda?" que me responde com sinceridade e a única da qual não fico com raiva ao ouvir a resposta! ahahahaha! Sei que a gnt se via pouco ai e vamos passar um bom tempo agora sem se ver já q eu to aqui no Canadá... mas vc está em minhas orações e em meu coração! Amo demais você, sempre! Beijos da Fia.”
Fia

Hoje gostaria de fazer muito mais, mais do que você merece, ou ao menos chegar perto. Gostaria que houvesse um jeito melhor de fazer-lhe entender o que representa para mim, mas as palavras são tudo que Deus me deu para me expressar.
Peço licença ao meu mestre, Machado de Assis para duvidar das palavras dele. Ele diz que amigo não alardeia a amizade, mas a vontade que eu tenho é de gritá-la. Há pessoas que entram em nossas vidas e, de início, parecem que serão eternas tamanha a identificação e risos que dividimos. Aí o tempo passa, elas se vão deixando boas recordações, mas nunca com a intensidade daquilo que é realmente infinito.
Você veio por acaso, como mais uma dentre as amigas das minhas amigas. Em comum? Acho que nada hein? A fã das Spice com vestidinho preto colado e a fã do Bon Jovi com calça frouxa, jeans e camiseta. Põe nada nisso. Mas foi você que me fez perceber que isso é o de menos. Por que com o tempo descobrimos que dividimos muito mais. Dividimos um coração.
Você me fez ver que amigo é aquele que conhece as diferenças e defeitos dos outros e ainda assim o ama. Como dois irmãos que moram na mesma casa, se conhecem, brigam, se detestam, mas na verdade... se amam.
Hoje não é o seu aniversário apenas, é o meu também. Essa é a minha data preferida muito mais do que aquela que virá daqui há 24 dias. Espero esse dia sempre com muita ansiedade para tentar lhe mostrar ao menos um centímetro da imensidão de amor que tenho por você.
Irmandade é uma amizade que não morre. Um amor quase consanguíneo. O dom de dividir as tristezas e multiplicar as felicidades.
Fico tão feliz de ver que tem tantos amigos verdadeiros. Esses que escreveram sobre você acima e muitos mais que infelizmente não deixaram mensagem em tempo. Eu sei que quando eu não estiver mais aqui, minha maninha mais nova vai estar bem cuidada e protegida.
Começamos nossa história dividindo olhares em um ônibus lotado, terminamos... bem... não terminamos. Continuamos dividindo gargalhadas no sofá da sala, e assim há de ser, por que mesmo quando você não está comigo é de você que lembro.
O que você representa para mim? Minha irmã mais nova e mais linda. Sem mais.

Feliz aniversário de todos que lhe amam.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Nada mal

Há quem passe a vida procurando alguém por quem viver. Uma razão para respirar personificada no sofá da sala. Procuram uma opinião para a decoração do quarto ou para o jantar de hoje a noite.
Já eu não posso dizer que compartilhe desses anseios dependentes. Sou livre. Sou do contra. Gosto de deixar-me levar, mas faço questão de ir contra o vento. É o extinto animal que me rege comandado por uma racionalidade insensível. Bruta. Bruta demais...
Nunca almejei essa dependência patológica, mas agora me surpreendo em pensamentos inconstantes.
É... não seria nada mal dividir uma cerveja na varanda.

W.A.M.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

(In)finito

Sempre que venho aqui penso o quanto as pessoas esperam ler coisas bonitas, textos saturados de sentimentos nobres e amores infinitos. Creio que por isso tenho evitado expor meus pensamentos e anseios por aqui. Creio que minha verborreia mental seja deveras censurável para leitores desprevenidos.

Gostaria de ser previsível. Mulher doce e delicada com vestidos de verão e palavras gentis. Sou mais miserável que essas moças admiráveis. Talvez por isso não seja eu um objeto de desejo dos homens nem de amizade das mulheres. Talvez por isso esteja só.

Vivo como se fosse interminável. Como se o momento fosse infinito. E é, mesmo que esse infinito finde com meu talento natural para a destruição, para o obscuro, para a eternização do miserável, do carnal, do vício no efêmero.

E o infinito que um dia fora perfeito, me deixa aqui. Só. Com meus pensamentos hediondos que não, não deveriam ser externalizados.

Perdão então leitor a você que perdeu tempo com esse despejo de palavras avulsas. Você merece ler algo bonito. Então corra, antes que eu destrua também seus pensamentos coloridos.

domingo, 7 de outubro de 2012

Eu acredito

Fortaleza não é bela. Para chegar a tanto é necessário alguém que realmente olhe nos olhos (não em uma bila).
Os problemas de Fortaleza não são resolvidos com uma simples caneta. São amenizados com a luta do dia-a-dia, nas ruas da cidade e não nas esquinas de outra terrinha.
Fortaleza não precisa de padrinhos de grandes oligarquias. Precisa de pulso e vontade de mudar.
Fortaleza também não quer um prefeito para chamar de seu. Quer um para chamar de nosso, para lutar pelo coletivo.

"EU vou fazer. EU vou mudar. EU lhe darei. EU construirei". NÓS não precisamos disso.

A juventude fortalezense me prova a cada dia que esse solo é local de insurgência, altruísmo, visão coletiva e não centralizada. É um local de transparência e dignidade. Essa mesma juventude que foi às ruas com um brilho nos olhos e a mesma vontade de mudar, de realmente fazer o voto valer a pena. São essas pessoas que me fazem crer em um futuro diferente, apesar das decepções quem insistem em vir de 4 em 4 anos.
Essa cidade está cansada de discursos e anseia por ações.
Fortaleza precisa de alguém que milite diariamente por seus direitos e não apenas por 3 meses de 4 em 4 anos. De alguém que saiba o que é ter os direitos cerceados, que escute o povo, que saiba o que andar de ônibus nessa cidade.
A pior parte é que Fortaleza ainda não sabe disso. Se recusa a votar em quem tem o poder de mudanças, porque, "segundo as pesquisas, não vai adiantar". Se recusa a ir além... se recusa a sonhar e acreditar que possa ser realidade.

2012 não foi totalmente perdido. Uma pessoa, abraçada por outras milhares, ensinou a boa parte de Fortaleza que nada é impossível de mudar. Pode não ter sido dessa vez, quem sabe em 4 anos, ou 8... 

Quem sabe um dia nosso prefeito olhe em nossos olhos e utilize a caneta para tornar essa cidade realmente bela.
Eu acredito.
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

1 mês passa rápido, a dor não.

_Vem aqui fora! Surpresa pra você, fitinha!
_Quem é?! - a garota respondeu já pensando na resposta seguinte 'estou tomando banho'... 'preciso estudar'...
_Venha ver!
É... la foi ela em passos pesados e decididos a por um fim nessa futura conversa. Foi abrindo a boca pronta para despejar uma verborreia, de certo modo, deselegante, quando o viu. Parou de súbito. Escutou um sorriso largo seguido de uma risada rouca. 
_Venha dar um abraço, meu xodó.
Agora o mundo podia esperar mais uma visitinha surpresa do vovô. Mais uma oportunidade para falarem sobre futebol. Mais uma oportunidade para voltar a ser criança naquele colinho magro, porém cheio de calor humano.
***
Chegou a hora da netinha fazer a surpresa. Encontrou algo diferente do esperado. Sorte a dela que conseguiu um sorriso daquele homem acabado, esquálido, com um discurso sem perspectivas de vida, provavelmente escrito por um alemão que o faria esquecer de tudo depois.
As mais sinceras lágrimas borraram a maquiagem. E ele nem notou. O nó na garganta não a deixou externar. Tinha certeza que aquela seria a última conversa.
***
Em uma rede social, uma nova janela abre. "Prima, vovô está no hospital. Liga pro meu pai pra saber melhor". Hospitais viraram rotina naquela família, deveria ser um complicação leve. Nada grave.
*o telefone toca* "Meu amor, vem pro hospital. O médico autorizou a familia ver o papai pela última vez."
...
O grito de desespero fora tamanho de forma a assustar o vizinho. Sem pensar duas vezes pegou o carro com a esperança de que ele criasse asas mágicas.
No hospital encontrou um homem longe do que fora. Irreconhecível. Lutando enquanto entoava como uma sinfonia rouca e desesperada seus últimos suspiros. 
Tarde demais para devolver as visitinhas surpresas.
Conter o choro não era mais possível. Afluentes de lágrimas desciam a banhar o tórax castigado pelo cigarro que estava matando aquele homem. Em algum lugar ali estava escondido o vovô Lôia. A neta, lutando por ser entendida em uma última mensagem, lutando por medo dele ir embora sem saber... a garota avistou os olhos vidrados semi-abertos, acariciou a testa morna e gritou. Literalmente gritou: "EU TE AMO, VOVOZINHO!" Ato na esperança que ele ouvisse. Ato que não esboçou reação. 
Mais tarde o médico o liberou. Mas para morrer em casa. Era o último desejo.
***
O telefone, sempre ele. Tocou às 5 horas da manhã. Antes de tirá-lo do gancho o coração anunciara o que foi verbalizado pelo tio. "Papai viajou".
***
A ideia de vê-lo naquele caixão impessoal, a apavorava. Esperou as quase 24 horas do velório até conseguir ficar a sós. O coração doía de uma forma inexplicável.
Ele estava lindo. Do jeitinho que era em vida. Faltava apenas o largo sorriso que sempre quebrava as pernas da netinha.
Um beijo na testa e o susto. O frio mórbido e temido estava ali. Levara todo o calor do corpo de quem um dia a aqueceu. Levara tudo, menos as lembranças dos 2.
***
Ele está ali. Parado no cantinho da porta só observando a neta adolescente brincar de cavalinho com os outros netinhos. De repente a gargalhada rouca. "A única que gostava de mim assim e me deixava brincar quando criança era você. Xodó do vovô".
Emocionada, deu um beijo na testa do homem. Quente como o sol do sertão onde nasceu e onde preferiu ir embora.
***
Até já, vovô. Nem esse mês completado hoje, nem 50 anos, apagarão seu sorriso rouco do meu coração.

W.A.M.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sentir mais, pensar menos, por favor.

Ouço soluços desesperados por coisas tão supérfluas. Ouço soluços de pessoas no escuro por continuarem com os olhos fechados. Ouço soluços quando mais fácil seria abrir os olhos, secar as lágrimas e procurar soluções.
Fácil falar de amor quando seu coração não reage ao mínimo esforço. Melhor parar de ler por aqui, caro leitor, minhas teorias podem ser inúteis e podem vir a desagradar as mulheres de plantão e àqueles que se entitulam "Os canalhas".
Homem não ilude. Mulher se ilude. Teoria louca, mas deixe-me explicar. 
Há canalhas por toda parte. Eles tem sorriso largo, carícias gostosas, abraços calorosos. Eles te tratam bem no momento em que estão com você. Depois... passou. Digam-me: que há de errado nisso? A maioria dos canalhas não promete a você flores no dia dos namorados, não planejam seus filhos, nem prometem ligar no outro dia. A maioria não diz que te ama, apenas que te quer. Eles não verão filme despretensiosamente com você num domingo à noite, nem te levarão pra beber com os amigos deles. Eles não dizem o que querem, porque homens não têm a necessidade de verbalizar cada ação e sentimento. Para eles está tudo explícito nas atitudes.
Se prestarmos atenção, está mesmo. O mal da mulher é receber uma mensagem chamando para um cinema e imaginar que ele passou o dia todo pensando nela, pensando em chamá-la para sair. O mal é sonhar. Mas, digo de novo, que mal há nisso? 
Os tais canalhas tem um porquê de se chamar assim. Geralmente tiveram desilusões adolescentes de amores que foram os primeiros e, na época, pareciam ser os últimos. Geralmente foram fofos, meigos e pensavam sim num dia dos namorados. Aí veio uma mocinha e partiu os corações deles.
Aí eu digo. E daí, rapazes? As mocinhas também passaram por isso. A maioria continua sonhando, enquanto vocês fizeram o caminho inverso. Vocês acham que são os canalhas, mas são elas,  as pobres sonhadoras, que imaginam mundos quando vocês não se acham capazes de oferecer nada.
Continuo dizendo. Homem não ilude. Claro que há aquelas excessões que lhe levam para um jantar romântico em um dia e no outro levam outra garota. Mas são excessões daqueles que não são capazes de amar nem a si próprios.
Mulheres, seu mal está em fantasiar, imaginar um homem perfeito quando ele não existe. Também não há mulher perfeita. Não há perfeição. Parem de por a culpa nos tais canalhas. Homens, não se dêem todo crédito por partir o coração de uma moça. Ah, não... vocês são os menos culpados.
Mulheres, parem de achar que todo homem é canalha. Homens, parem de tratar uma mensagem de uma mulher como paixão. Ninguém é igual. Nosso mal é pensar demais.
Palavras de uma mulher, mas só de uma. Então, como bons "canalhas",  melhor nem levar a sério.

W.A.M.

domingo, 9 de setembro de 2012

Seja mal-vinda

 O coração parou como em um enfarto fulminante, a respiração desapareceu de súbito e os olhos pareciam vidro duro arregalados de terror. Estava eu ali de frente com a morte. Maldita senhora milenar que insiste em levar o melhor de mim: os outros.
Vê-la ali, instalada na sala de estar como se tivesse sido convidada de bom grado, de mãos dadas com ele, me fez esquecer todos os bons modos. "Vá dizer oi pras visitas, faça sala pra elas" - sempre disse minha mãe. Teimei. Virei as costas e tentei retomar as batidas do coração assim como a respiração. 
Lá estava aquela velha inxirida, mais uma vez, levando um pouquinho de mim. Voltar à sala não foi fácil. Foi necessário. E olhá-lo... Estava lindo. Rosto tranquilo como não via há muito tempo. Dois dias antes a visão no quarto de um hospital fora pior. E como fora difícil dizer adeus.
Como se diz adeus a quem não quer que vá? Como dizer adeus sabendo que não haverá volta? Meu coração se confortou com a ideia de que agora ele estava descansando em paz. Tinha, inclusive, ignorado a velha inxirida até... tocá-lo. Foi cruel. Sentir o gelo da pele que tanto me esquentou quando tive frio, quando tive medo, quando simplesmente fazia manha em troca de colo. Um gelo cruel. Mortal.
Não há como ignorar a velha maldita.
Ainda assim a sensação de que não era verdade circundava-me.  Fui para casa, deitei na cama, fechei portas e janelas, abri a garrafa e fitei o teto. Era a primeira vez que ficava sozinha desde a notícia. Gostava de ficar sozinha. Não dessa vez. Só então veio a certeza que nunca mais o veria. Nunca mais deitaria com ele na rede de palha na varanda. Nunca mais receberia aquele sorriso escancarado de presente. Nunca mais receberia uma visita surpresa.
É. Virei. Desmaiei. Um sono profundo do qual não queria mais acordar. Mas acordei. A vida continua e um dia a outra chega. A indesejada, a inxirida, a maldita velha ranzinza. Ela virá e vai se instalar na sala da minha casa e eu também vou ser obrigada a fazer sala.

W.A.M.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Adeus...

Não venho aqui externar inteiramente minha dor, nesse momento ela só pertence a mim, mas fazer uma espécie de alerta. Hoje se foi mais uma vítima da própria teimosia, do próprio vício. Ele se foi graças ao cigarro. Mas o homem da foto tinha 85 anos, era pai de 14 filhos, homem bruto do interior do Ceará que passou a vida no cabo da enxada e em casa de taipa. O homem da foto não teve, durante maior parte da vida, informações suficientes para se conscientizar do que estava fazendo consigo mesmo, quando teve, era tarde.
Ele é mais uma prova de que o cigarro mata. Pode ser aos poucos, mas acaba com seu fôlego, com a sua qualidade de vida e, enfim, tira seu ar... É incrível como, na sociedade contemporânea, há tantas fontes de informação, tantos exemplos como esse e vejo por aí jovens começando a fumar, porque é 'cool', outros fumando 'socialmente, porque ah!!! não faz mal... só quando bebo'. Incrível.
Se você faz isso, saiba que está encurtando sua vida e, para mim, uma pessoa que fuma tendo consciência disso tem sérias tendências suicidas. Parabéns para você que quer se matar, mas não tem coragem suficiente de fazê-lo prontamente.
O homem da foto era forte, bem mais que um touro. A mãe dele morreu centenária, com 108 anos, e ele tinha tudo para alcançar a faixa. Foram 7 anos de luta constante contra o câncer, mas o cigarro castiga. Como aquela garota que você ama, mas lhe ilude... lhe dá amor... lhe faz sentir bem. Depois, lhe dá uma rasteira irreversível.
Quanto a mim não adianta chorar se era ele quem sempre me dava esse sorriso lindo. Não adianta lamentar, se ele sabia e, de certa forma, queria que isso acontecesse após tanto tempo de dor amenizada apenas pela morfina. A vida é um ciclo efêmero que um dia finda.Só não vale encurtá-la.
Meu vôzinho vivia em uma realidade bruta, dura, diria  que era até real demais para nós. Se você tem facebook, deve ter informação suficiente para saber o que o cigarro faz.
Não se mate, por favor. Alguém vai sofrer.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Vai entender...

Se é calada, é sonsa; Se é comunicativa, fala demais.
Se chega nele, é puta; se espera chegarem, não tem iniciativa.
Se é simpática, dá mole pra qualquer um; Se não, é besta demais.
Se vai pra casa logo na primeira noite, é uma qualquer; se não, é cu doce.
Se  faz contato após ficarem, é carente; se espera fazer, pode ficar esperando pra sempre.
Querem que seja sempre sorridente, delicada, fale pouco e tenha uma voz agradável, que seja uma princesa disney. E fazem questão de lembrar que príncipes não existem.
Se aperta firme a mão, é confiante demais, melhor se afastar. Se olha nos olhos, intimida demais, melhor se virar.
Se morde é arisca, se tem sempre uma resposta na ponta da língua, é bruta.

Ok, homens. Melhor vestirmos sempre nossos vestidos rosas de cetim, cantarmos canções de ninar pensando nos futuros prováveis filhos, baixarmos a cabeça para tudo que dizem e respondermos apenas o necessário.
Melhor abrirem um livro de contos de fadas ou procurar patricinhas bem mimadas, porque mulheres de verdade não querem encontrar.

W.A.M.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

No final...

Não sabia se era a luz que ofuscava a visão ou se realmente não tinha fim. Só sentia que puxava e puxava e nunca chegava à outra ponta, como se alguém estivesse lá do outro lado fazendo o mesmo.
As mãos sangravam na tentativa de chegar lá, descobrir o que o estava esperando. Uma brincadeira infantil com um cabo de aço grosseiro. Aos poucos o sangue ia tirando o viço da pele, a vontade de continuar. Cada ferida, uma desilusão. Sem tempo para trocar de pele ou de coração. 
Hora de desistir. Não havia ninguém na outra ponta, fato. Soltou o cabo e pensou em dar as costas, melhor não.O cabo estava se mexendo sozinho. De repente, segurando a ponta que tanto procurara, surgiu como uma visão sombreada pelo sol às suas costas, uma bela garota de olhos verdes e pele morena. Não sabia se era de fato bonita, mas o encanto foi instantâneo.
Bem que disseram. Há sempre alguém na outra ponta, basta não parar de tentar mesmo com as feridas do caminho.

W.A.M.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

tic-tac-tum


"Tic-tac, tic-tac, tic-tac", disse o ponteiro do relógio que carregava no pulso. Disse com um tom irritante, como quem diz: "Não adianta esperar, garota! Ele não vai chegar".
Enquanto os ponteiros resmungavam entre si, o peito quase não tinha forças para segurar um coração frenético. "Tum-tum, tum-tum, tumtumtumtum, tumtumtumtum", disse ele por ser educado. Mas na verdade queria berrar: "Que espera dolorosa, não aguento mais!!!!!"
Maldita vontade de alardear ao vento quente daquela noite o que se passava com ela já havia um tempo. Não tinha experiência o bastante para dissertar sobre as coisas da vida, mas bastou sentir a pimeira vez para saber que aquilo era paixão. Que esquenta as maçãs do rosto e borbulha como água quente correndo pelas veias.
E olha que ele nem havia chegado. Aquilo tudo era apenas na esperança de vê-lo mais uma vez. Admirar, mesmo que ao longe, o que vira e, ao mesmo tempo, entender o que vira de tão especial.
Relógio e coração gritaram em uníssono quando ele finalmente surgiu com aquele sorrigo largo com gostinho de suco de morango. 
Parou. Sorriu. Abraçou. Silenciou. De repente o relógio ficou mudo, os ponteiros pararam de brigar e congelaram. O coração esqueceu as reclamações para descansar junto ao outro que o acolhia tão bem.
Valeu a pena esperar só por aquele momento mesmo que o seguinte fosse cheio de incertezas e indagações. Medo de acordar abraçando o travesseiro.

W.A.M.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O que é que há?

Há sinceridade em toda parte. Alardeada em rouquidão bombardeando a solidão. 
Há muita sinceridade. 
Mais do que pode-se crer de fato, mais do pode-se ver no ato.
Há sinceridade com sorriso largo, olhos espertos e afagos ao vento.
Há com cenho fechado, seriedade no jeito e olhos atentos. 
Há em toda parte o que não há de verdade.
Há sinceros demagogos de verbos lustrosos e verdade sem gozo.
Há muito de nada. Há nada para muitos.Há muito de pouco.

W.A.M.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Detalhista

A espera é longa e dolorosa. Um dia aquele mega-acontecimento vai chegar, mudar minha vida, me fazer feliz. O tempo passa, expectativa aumenta, decepção também. Esperamos o incerto e esquecemos da certeza: o agora.
A vida não é feita de grandes milagres, felicidades extremas, amores extasiantes. Não é. Na caça incessante pela felicidade, vence o detalhista. Aquele que olha nos olhos, que sorri ao notar o primeiro dia de lua cheia, que entrega uma flor a uma moça e recebe em troca um leve rubor.
É nos detalhes que se esconde o segredo da felicidade. No cafuné sincero, nas palavras sussurradas pelo amor, no racha do final de semana. Naquele dia em que tudo deu errado, mas você fica feliz por estar cansado apenas por estar sentindo algo. 
Algumas pessoas colocam todas as chances de ser felizes no príncipe que chegará em seu cavalo branco. A felicidade pode estar sentada na sala de aula, na esteira ao lado, na padaria do cafézinho  fraco, sempre lhe observando sem a coragem de se apresentar. Ou, ela simplesmente, pode estar bem mais escondida, lhe olhando por dentro, esperando ser libertada por um sorriso pueril.

W.A.M.

Uma sonhadora eu, coitada

 Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que o egoísmo dê lugar ao altruísmo. Em que os enamorados não tenham medo de arriscar, em que a fome seja apenas o que sentimos entre o café da manhã e o almoço.
Sonho com resoluções. Que os conflitos sejam resolvidos com palavras e as guerras enfeiem apenas os livros de história. Sonho que a violência fique na história.
Sonho com o dia em que a leitura vire um hábito universal. Que as crianças dividam as atenções entre o Mário Bros e o Monteiro Lobato, que brinquem e não tenham pressa em crescer.
Sonho com vitórias. Do grupo sobre o individual. Que a humana seja uma raça sem subdivisões. Sonho em ver homens de mãos dadas, casais de mulheres com seus filhos e que todos os casamentos sejam iguais. Sonho com o dia em que o amor seja um só.
Sonho em ver as pessoas se aceitando como são e dando aos outros o direito de serem aceitos.
Sonho com que todas as crianças acreditem em papai noel e que recebam dele seus presentes de natal. Sonho em ver viadutos limpos da miséria.
Sonho em poder confiar nas pessoas sem medo de me machucar e em me deixar ser amada sem medo de ferir.
Sonho com mais árvores nas cidades e mais liberdade entre os homens.
Sonho em andar na rua sem medo, em ver as escolas cheias e os parques animados. Sonho com o dia em que colocar um filho no mundo se torne seguro.
Sonho com homens íntegros, cheios de princípios e respeito pelo próximo. Sonho com uma boa notícia sobre a renda per capita no jornal noturno.
Sonho com meus sonhos.
Sonho com o dia em que meus sonhos irrealizáveis virem realidades insonháveis.

domingo, 22 de julho de 2012

Atrasado

Aproveitando a modinha das frases, um feliz dia do "paga o meu que te pago com amor", galera. Vocês são os melhores.

Natália: "É só tu olhar pra mim que vou entender"
Renata: "Bora matar aula hoje, nega?"
Luiza: "Faz a cópia da chave lá de casa, mana"
Aline: "Não deixa eu ficar bêbada?"
Diego: "Comer pastel, corujito da Sherra?"
Carlos: "Ei, resume o livro da prova pra mim?"
PV: "Tenho uma coisa pra te contar que nunca contei. É segredo!"
Fox: "Carona, Wanzinha?"
Bia: "Mulher, não vou deixar tu usar isso!"
Rafael: "Te conheço, Wandinha"
Saulo: "Habib's? Pago o teu"
Igor: "Vem aqui na porta do teu trabalho, tenho um presente pra ti"
Bernardo: "Me atualiza das novidades!"

Obrigada pelos docinhos, por terem segurado meu cabelo, pelas tardes de estudo, pelas roupas emprestadas, pelas cervejas pagas, pelas caronas, por terem brigado comigo, pelos desenhos no meio da aula, pelas piadas, pelos memes compartilhados, pelas fofocas, pelas partidas de video-game, por termos feito as pazes, por me darem juízo, enfim... valeu aí, galera!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

No meu ateliê

Creio que foi Van Gogh quem disse, ao ouvir que ele era um homem de sorte: "Quando a sorte batia à minha porta, eu estava sempre trabalhando no meu ateliê". Afinal quem é essa tal de Sorte? Aquela que desfila por aí, sorridente e oferecida, esperando cair no colo do primeiro que estiver à sua frente, sentado, estático, só esperando a vida passar. Ou é aquela inteligente e esnobe que não se engraça por qualquer um até esse alguém merece-la?

Não é  sorte que faz nosso caminho, somos nós que fazemos a sorte. Ela pode ter a forma que quisermos, reta e direta ou curvilínea e misteriosa. O único modo de não a ter é não tentar.

Para conquistar essa orgulhosa é preciso ser astuto, correr atrás, tentar, levar nãos, falhar, tentar, levar uma porta na cara, falhar, tentar, tentar, tentar... vence-la pelo cansaço ou, simplesmente, pelo seu merecimento somado à oportunidade.

Sorte é uma mocinha misteriosa, leva tempo para se aproximar, mas quando chega é só agarrar e não deixar escapar.

W.A.M.

sábado, 19 de maio de 2012

Pode ficar com o troco


Garçom, uma cerveja para começar. Estupidamente gelada. Como o mundo... estúpido e gelado. Ah! E um guardanapo, por favor. Hoje nada de batom vermelho, ele só atrapalha. Ressalta essa minha cara de durona e acabam esquecendo que tenho um coração.
Isso mesmo, seu garçom. Sou mais sensível do que consigo demonstrar. Amor? Não, com isso não. Isso vem com o tempo e terei muito no futuro. Mas amigos... não consigo deixar de sentir a dor deles .
Me chamam de grossa, arisca, hostil... mereço cada uma dessas palavras e prefiro assim. A velha máscara. Esconde o que há de melhor em mim. Prefiro ser hostil a esquecer o verdadeiro significado de uma amizade. Você sabe qual é? É... difícil mesmo, mas com o tempo fui trabalhando nesse conceito.
Amizade não é dar um perfume no aniversário, mas lembrar de alguém com um bombom fora de hora. Sair para beber qualquer um faz, até mesmo só... olha eu aqui... ficar em casa e compartilhar alegrias e dores é outra história.
Acima de tudo está o respeito e aprender a relevar. Todos temos defeitos, seu garçom. Por falar nisso essa sua gravatinha tá fora de moda, hein? Mas eu vou relevar, sabe porque? Ser amigo é saber de cada um dos defeitos de alguém e conviver com eles. Gostar do outro como ele é. Tudo bem, eu sei que ninguém tem a obrigação de aturar nada, é aí que minha máscara cai. Por um amigo pra vida inteira, sou capaz de tudo.
Posso desabafar ainda mais? Quero ir para aquele novo circo que chegou à cidade, ver as luzes, a magia, as crianças inocentes e sem preocupações sendo levadas pelo show no picadeiro. Mas não tenho coragem. Já sei o final. O palhaço sai de cena, lava o rosto e acaba em seu trailer com cervejas quentes e remédios, esperando o dia seguinte, as novas crianças, a nova vida.
Sou uma palhaça, seu garçom. Hiperativa com cara de durona, porém uma molenga apaixonada pelos amigos, incapaz de nutrir ressentimentos. Talvez essa seja uma visão romântica do mundo. Engraçado isso vindo de quem não se apaixona, trágico vindo de quem só quer ver os outros felizes.
Sim, me envolvo. Sofro. Esqueço. Opa! A cerveja acabou, mais uma! O que eu estava dizendo mesmo? Deixa pra lá, pouco importa. Nada que não pudesse ser esquecido com o tempo de uma boa cerveja e uma bela convera.
Obrigada, seu garçom. Pode ficar com o troco.

W.A.M.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ovos mexidos e liberdade, por favor


2012. Um homem visita a antiga casa, hoje entre tantos outros galpões em um enorme campo verdejante. Os olhos cansados mal acreditavam na beleza daquele lugar em um pedacinho da Alemanha. Nem o verde, nem as flores, nem o dia ensolarado o distraíam do odor que vinha com as lembranças. Era um cheiro familiar... de amigos. Queimados. Mortos. Por seres que se auto-intitulavam humanos.
Difícil enxergar a beleza ao sentir o que caía em sua pele. Poeira trazida pelo vento. Como as cinzas em outro dia de sol que ficara no passado. Naquele dia no qual vira sua mãe pela última vez. "Amor, vou com sua irmã, volte para lá! Nos veremos mais tarde!", dissera ela entre os gritos dos soldados. O 'tarde' nunca chegou...
Não lembrava de ter dito adeus, apenas uma voz de um homem sem rosto ecoando em sua mente. "Está vendo aquilo? - apontou para uma enorme chaminé - É  a sua família virando fumaça".
Como podia sentir a brisa como o outros? Apenas ouvia a marcha de homens, mulheres e crianças esquálidos e silenciosos em seus pijamas brancos e azuis.
Não lembra bem como escapara. Só de ouvir o fogo dos fuzis alemães enquanto correra com toda força que sua magreza permitira. Mais tarde vira pilhas de homens e sangue. Amigos. Parentes. Mas não ele.
Apagou e  acordou dentro de um tanque de guerra. Acordou vivo e livre. Não mais tivera de comer os próprios piolhos para sobreviver. Queria apenas ovos mexidos e uma vida normal.
Os tem agora e dá ainda mais valor às rugas com as quais o tempo livre o presenteou. Rugas que muitos homens que dormiram ali, ao lado dele, naquele galpão, não tiveram oportunidade de ter. Homens humildes, honestos... amigos.
O velho vira tudo calado e assim permanecera como se fosse o primeiro dia do resto de sua vida. Mas não restava muito. Acendeu o charuto e esperou queimar. Tinha certeza que em algum lugar entre a câmara de gás e a eternidade, ela a esperava sorridente para dizer: "Eu disse que nos veríamos mais tarde".

W.A.M.

domingo, 13 de maio de 2012

Dia da verdade


Dizem que há uma mãe dentro de cada mulher eperando para ser libertada. Concordo em discordar. Nessa semana, os jornais estavam cheios de notícias de mães que abandonaram filhos em lixos, uma que espancou a filha até a morte, outras que simplesmente vemos pelas esquinas utilizando suas crianças para ganhar dinheiro.Essas mães nunca foram libertadas e merecem continuar lá, enjauladas em outro tipo de cela. 
Mas hoje é dia das mães e essas historias com certeza não podem ser maioria. Nada supera o amor de uma verdadeira mãe. A minha é a melhor mãe do mundo. Sim, a minha. Sei que se for um bom filho, vai discordar, espero que sim.
Não há nada melhor que acordar sonolento pela manhã com aquele cheirinho de café feito na hora, voltar pra casa e comer a delícia do almoço de mãe. Cada momento é único. Aquele no qual ela me ensinou a amarrar o sapato sozinha, o sorriso lindo que veio com a primeira estrelinha ganha no caderno, o colo quentinho enquanto assistíamos ao seriado do super-man.
E as brigas? A única pessoa com quem brigamos com a certeza de que depois tudo estará bem e ela será a única que não nos abandonará. Até brigar com mãe pode ser mais gostoso.
Hoje é dia da minha mãe, da sua, das verdadeiras. Das professoras, faxineiras, empresárias, secretárias, advogadas, carroceiras. Hoje é dia de mãe. Dia de fazer-mos nós o café, o almoço, de escolhermos a roupa que ela vai sair, de deixá-las lindas e de ama-las. Dia de orgulhar-se por ter uma ao lado.
Hoje é o dia delas, para elas, todo dia é nosso. Nada pode ser mais verdadeiro do que isso.

Te amo, mãezinha.

W.A.M.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sorriso de prateleira

Nada é o bastante para suprir nossas expectativas. O problema é exatamente este: há expectativas.Elas são geradas de forma inconsciente. Tiremos o mercado como exemplo. Há uma enorme variedade de tipos de cada produto, o que gera uma enorme variedade de escolhas e liberdade para levarmos o que nos apetece. Bem, não é bem assim.Tantas escolhas nos prendem à indecisão, quando finalmente o produto é escolhido, notamos que ele não é perfeito, há o arrependimento. A sensação de que podíamos ter feito melhor, que a nossa expectativa era maior que a realidade encontrada.

Assim é na vida. Estamos sempre em busca de mais, do perfeito, que tudo aconteça exatamente como pensamos sem dar-nos conta que não podemos ter tudo que queremos.Isso desagua em um problema maior, mas não mais profundo que a escolha de uma escova de dentes no supermercado: a busca pela felicidade.

Um pensador contemporâneo, o qual infelizmente não recordo o nome no momento, disse que "o segredo para a felicidade é baixa expectativa". O segredo não está em ter exatamente o que se quer, mas em ver a perfeição no torto. Em pegar o que se conseguiu e transforma-lo em felicidade. Em suma, a felicidade é um produto mais fácil de se encontrar que qualquer outro, há apenas 2 escolhas: lamentar-mo-nos pelo que poderia ter sido ou sermos felizes pelo que é.

W.A.M.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Saber branco

Toda forma de conhecimento é válida. Toda. Principalmente a dos cabelos brancos. No último final de semana tive a chance de escutar um senhor muito sábio falar. Sobre mirtáceas. Sobre a vida. Eu, jovem que sou, ouvi atentamente a aula gratuita proferida por aquele homem de rosto maduro e amigável e cabelos prateados pelo tempo. Não havia outro lugar no qual preferia estar.

Sempre aprendo com a experiência grisalha. Meus avós também muito me ensinam. Eles não estudaram, minha avó materna nem sequer sabia ler, mas são muito mais sábios do que sonho em ser. Eles me ensinam sobre a vida. 

Paternos e maternos viveram em casas de taipa, batalharam duro por uma vida melhor. Erraram. Aprenderam. Ensinaram meus pais. Estes, já sexagenários, me ensinam a cada dia o valor do suor, do trabalho duro, do estudo e busca pelo conhecimento. Eu só tenho a aprender e admirar.

Se pudesse dar um conselho, mesmo com meus cabelos pretos quimicamente aruivados, seria: escute. A leitura engrandece e ninguém pode roubá-la, mas há mais meios de aprendizagem. Escutar a sabedoria daqueles que viveram. Explorar o que os olhos esbranquiçados aprenderam com a vida e o que tornou os cabelos prateados.

Meus avós, pais e o sábio senhor botânico sabem mais do que muitos de nós saberemos. Dos livros. Do mundo. Dos cabelos brancos de sabedoria.

W.A.M.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Despedida hiperbólica

Sou hiperbólica. Defeito básico de jornalista / ex-atriz de teatro. Sim, não há dúvidas, exagero ao expressar diversos tipos de sentimentos, porém há coisinhas que não consigo entender nem exagerando no meu pensamento.

Todos temos defeitos e o respeito / carinho nos fazem conviver e amar uns aos outros. Nem todos. Há aqueles seres-humanos superiores, dedicados ao extremo... em apontar os defeitos dos outros. 

Sabe aqueles que dizem o quanto você é isso ou aquilo, fala do que você faz em tom de crítica destrutíva? Todos conhecemos alguém assim. Aliás, 'alguéns' (se o sr. Aurélio perdoar-me o mau plural). E esses não são os amigos que estão lhe dando um conselho para que evolua, falo dos que sentem-se incomodados com algo e, em vez de se retirarem, aconselharem, falam mal.

O que estou fazendo agora? Apontando os defeitos deles. Vingança? Desabafo? Não sei. Apenas sei que minha verborreia clamava por ser vocabulada em forma de escrita. É. Sou hiperbólica.

Aproveito para fazer um pedido. Aconselhe-me. Me ajude a crescer. Se quer me ajudar a escrever textos como este, por favor, sua melhor crítica é a visão das suas costas. 

Grata.

W.A.M.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quadrada


Não adianta o quanto insistam, sou quadrada. Não nasci há muito tempo, nem cheguei a conhecer de fato os anos 80. Naquela época este notebook no qual escrevo nem ao menos era um protótipo.
Houve um tempo, e me recordo bem, no qual as pessoas iam às casas dos amigos pra conversar ou simplesmente ligavam. Se isso não fosse possível havia ainda a carta, que apesar de não permitir ouvir ou ver o outro, tinha a pessoalidade da letra escrita, elaborada a cada palavra, com jeitinho de cuidado e carinho.
Hoje, vejam só... há as redes sociais. E querem me convencer que elas aproximam as pessoas. Talvez os que moram em outros estados / países - infelizmente os outros meios ainda são deveras caros - mas é demais para eu entender por que alguns evitam o contato real pelo virtual.
Seria hipócrita se disesse que não as uso. Utilizo e bastante. Também sou do tipo que tem preguiça de conversas ao telefone, prefiro sms - há vezes que penso que tenho preguiça para pessoas. Porém não creio que elas aproximem ninguém, pelo contrário.
Vejo uma pressão social enorme para o uso dessas redes, principalmente o facebook. Quantas vezes passei o final de semana só em casa porque não atenderam o meu chamado e principalmente porque convidaram-me pelo tal facebook e não tive a chance - ou interesse - de acessá-lo. Em quantos aniversários amigos que estão de fato em meu coração não deixaram um reles 'parabéns! Tudo de bom' em minha página e não tiveram a educada consideração de ligar-me.
E isso não é só relacionado a mim. Conheço mais pessoas que corroboram com minha ideia. Poucas, mas conheço. Mesmo que a desconsiderem, não adianta o que digam, sou quadrada sim. Sou da época dos livros amarelados e das conversas na varanda. Nem mesmo sei usar um Ipad... 
Bom, deve ser mesmo uma grande besteira o que escrevo, afinal, se não fosse esse blog talvez nem dividiria essas ideias estapafúrdias com alguém. .
Agora devo por fim nesse texto, hora de postá-lo no facebook. Até mais.

W.A.M.