segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quadrada


Não adianta o quanto insistam, sou quadrada. Não nasci há muito tempo, nem cheguei a conhecer de fato os anos 80. Naquela época este notebook no qual escrevo nem ao menos era um protótipo.
Houve um tempo, e me recordo bem, no qual as pessoas iam às casas dos amigos pra conversar ou simplesmente ligavam. Se isso não fosse possível havia ainda a carta, que apesar de não permitir ouvir ou ver o outro, tinha a pessoalidade da letra escrita, elaborada a cada palavra, com jeitinho de cuidado e carinho.
Hoje, vejam só... há as redes sociais. E querem me convencer que elas aproximam as pessoas. Talvez os que moram em outros estados / países - infelizmente os outros meios ainda são deveras caros - mas é demais para eu entender por que alguns evitam o contato real pelo virtual.
Seria hipócrita se disesse que não as uso. Utilizo e bastante. Também sou do tipo que tem preguiça de conversas ao telefone, prefiro sms - há vezes que penso que tenho preguiça para pessoas. Porém não creio que elas aproximem ninguém, pelo contrário.
Vejo uma pressão social enorme para o uso dessas redes, principalmente o facebook. Quantas vezes passei o final de semana só em casa porque não atenderam o meu chamado e principalmente porque convidaram-me pelo tal facebook e não tive a chance - ou interesse - de acessá-lo. Em quantos aniversários amigos que estão de fato em meu coração não deixaram um reles 'parabéns! Tudo de bom' em minha página e não tiveram a educada consideração de ligar-me.
E isso não é só relacionado a mim. Conheço mais pessoas que corroboram com minha ideia. Poucas, mas conheço. Mesmo que a desconsiderem, não adianta o que digam, sou quadrada sim. Sou da época dos livros amarelados e das conversas na varanda. Nem mesmo sei usar um Ipad... 
Bom, deve ser mesmo uma grande besteira o que escrevo, afinal, se não fosse esse blog talvez nem dividiria essas ideias estapafúrdias com alguém. .
Agora devo por fim nesse texto, hora de postá-lo no facebook. Até mais.

W.A.M.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Desentendida


Há coisas que não consigo entender. Talvez elas simplesmente não devam ser. O que, erroneamente, me faz ter uma ânsia adolescente de entende-las ainda mais.

Complicado? Talvez. Assim como eu. Complicada e curiosa. Mesmo o segundo adjetivo nunca me ajudou a entender o primeiro. Imagine então entender o resto do mundo...

Tudo que sei é que nada sei - com o perdão do descarado furto ideológico. Ainda assim tento saber de tudo um pouco esquecendo que devo antes de mais nada saber o que há em mim.

Vejo em mim um hibridismo estonteante. Não formas, cores ou sentido, - este muito menos - e sim uma mistura de "micro-conhecimentos" e "macro-desejos". Nada basta em mim ou para mim, não consigo pensar em limites quando as minhas fronteiras vão além do que me deixam ser e sentir.

Dá pra entender? Não, né? Imaginei desde o princípio... E assim deve ser. Simplesmente parar de querer entender e apenas sentir. A mim. Os outros. O mundo. Mesmo que o meu seja tão complicado.

W.A.M.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Lá no fundo...

 

Há uma coisa que Newton não percebeu. A inércia deprime. Todo corpo estagnado, sem estímulos, continua parado e... deprimente.

 

O meu sempre foi animado, com uma iniciativa própria que movia a si e a outros corpos. Não mais. Há um peso dentro de mim, uma âncora caída afundando-me cada dia mais. O desejo porém é outro. Desbravar novas possibilidades, descobrir caminhos, estar no topo do mundo, mas... sempre há o mas.

 

É deprimente buscar e não sair do mesmo lugar, colecionando decepções, decepcionando. Enegrece o que deveria ser verde. Essa bendita esperança.  

 

O movimento que me salva da inércia  agora é outro. É a âncora me levando até onde o mar perde o tom esverdeado e torna-se negro e atormentado.

 


W.A.M.

sábado, 21 de abril de 2012

Saudade da saudade

Qual é mesmo aquela palavra? Ah! Claro! Como poderia esquecer? Está diariamente nas atualizações das redes sociais, nas mensagens, nos lábios... A tal da "saudade".

Aspas poucas vezes me foram tão úteis. Aqui estão cercando essa palavra que existe apenas na língua portuguesa e inexiste de fato dentro daqueles que a utilizam. Saudade. Tão verbalizada, tão incompreendida.

Hipócrita seria eu em dizer que não ajudei a deturpar seu significado. Quantas vezes dizemos que sentimos saudades quando sentimos apenas falta? Sinônimos com significados tão distintos... Uma simples falta de uma semana, um mês, nunca será a saudade de quem partiu. Falta é pouco para caracterizar o que sentimos ao sentir a poeira de um álbum cheio de sorrisos. Isso sim é saudade.

Venho, então, defender o obsoletismo de palavra tão rara para o resto do mundo. Que ela volte a ter dentro de nós, quando falamos e ouvimos, o mesmo significado do dicionário. Uma enorme falta, não um meio de iniciar uma conversa ou chamar atenção.

Voltemos a sentir saudade de senti-la. Para que os reencontros e memórias sejam uma vez mais tão saborosos quanto deveriam ser.

W.A.M.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Maldição de Eros



Os gregos que me desculpem, mas Cupido não era um Deus, era sim um farmacêutico dos melhores. Essa tal de paixão não é nada mais que uma mistura de substâncias que deram errado:
Dopamina, feniletilamina e ocitocina. Sim, errado, pois elas só se encontram no início dessa patologia.

Pobre Eros [cupido], criou tantas substâncias, as misturou de forma genial e continua criança para sempre. Um menino pequeno, frágil e solitário que só cresce ao lado de seu companheiro Anteros (o amor partilhado), mas não demora muito e lá está o pobre, só mais uma vez, tentando entender que ingrediente esqueceu.

Ouso pedir licença ao senhor Eros, filho da bela Vênus, para dar-lhe um conselho. Talvez sua união a Anteros só se torne possível se antes ele faça mais uma experiência e descubra a fórmula do amor-próprio. Esse sim faz crescer, fortifica e transforma meninos em homens.

O menino Cupido está sempre unindo e tentando reconquistar seu amor, esquece que a felicidade não depende de estar com alguém, mas de estar bem consigo mesmo. O amor é dependente, a felicidade não.

Bom, não sou eu, leiga [com orgulho] em assuntos do coração que ensinarei a Eros algo. Se pudesse realmente fazê-lo ouvir-me, diria para ele libertar Crônos do tártaro. Só ele, o tempo, cura.

W.A.M.