quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bilhete suicida

Um site { http://www.avesso.net/suicid6.htm } publicou alguns bilhetes suicidas e dentre todos, um chamou-me atenção. Não pelo pesar das palavras, mas pela veracidade incrustada nelas e, principalmente, porque pensei que poderia ser esse o meu bilhete suicida:

Sexo, Idade : F, 27
Cor : (descendente de orientais)
Meio : projétil de arma de fogo
Forma de mensagem : carta manuscrita a tinta azul

"A quem possa interessar:
Grande parte do que possuía foi vendida ou doada. O que resta, é minha vontade que seja entregue ao meu amigo João; o qual poderá dar a meus pertences o destino que lhe aprouver.
Nada deverá ser entregue a qualquer parente meu.
Quanto aos meus restos mortais, suplico encarecidamente; não o torturem com choros, rezas ou velas. É apenas a minha matéria e imploro que a deixem degradando-se em paz. A putrefação não é degradante. Se a humanidade permitisse que a natureza tomasse o seu curso, seria o renascimento da matéria.
Eu renasceria no vento que passa a murmurar, nas folhas que farfalham, no solo que abriga e alimenta milhares de seres vivos, na água que corre para o mar nas chuvas que regam os campos, no orvalho que cintila ao luar, nas grandes árvores que abrigam ninhos de passarinhos e que vergam a passagem dos ventos fortes, nos pequenos arbustos que escondem a caça do caçador...
Céus! Eu me vingaria se apenas uma de minhas partículas participasse do desabrochar de uma flor ou do canto de um pássaro. Romântico? Não! Foi o mundo, minha família, meu educador mas principalmente... foi o seio que aconchegou a criança que vinha lhe contar as suas tristezas, máguas, alegrias, pensamentos, e seus desejos íntimos... suas esperanças. A criança crescida quer voltar para lhe contar seus sofrimentos, desilusões, a morte de suas esperanças... para encontrar novamente o aconchego onde poderá descansar sua cabeça cansada e abatida e onde poderá, enfim, chorar as suas lágrimas que não encontram onde chorar.
Volto derrotada porque não fui capaz de viver, trabalhar e estudar não foram suficientes para mim. E foi tudo o que me restou. Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim.
Perdoem-me ..., ..., ..., "

" Volto derrotada porque não fui capaz de viver, trabalhar e estudar não foram suficientes para mim. E foi tudo o que me restou. Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim."

Sim, eu já havia pensado nisso. Eu trabalho, estudo, mas sou um protótipo de zumbi, mesmo que, acalme-se, eu não queira morrer fisicamente. O que nos faz morrer não é uma bala ou uma corda no pescoço, essa é a morte da carne que nada passa de um receptáculo para o que somos. O que nos faz morrer é não ter na vida a intensidade desejada, não ser em vida a tal flor que desabrocha em solo infértil.

Sendo assim, completo as palavras da minha companheira e formulo o meu próprio bilhete suicida:

(...)
Essa morte é mais dolorosa e cruel do que a carnal. Ela libertará o que em mim nunca foi livre.
Na ânsia por viver, e não mais por apenas sobreviver, eu me despeço dessa vida de auto-indulgências e incompletudes para ser intensa ao menos em uma coisa: na morte.

Wânyffer Araújo Monteiro

sábado, 25 de abril de 2009

Doutor, eu não me engano...


É incrível a paixão do brasileiro por futebol. A vibração nos estádios é mais calorosa e excitante que a de qualquer outro país. Entretanto há uma paradigma que diz que os maiores times são os mais vitoriosos, afinal de que vale competir sem ganhar, não é?

Eu sinto discordar com isso. O que faz um time grande senão a força de cair e ser maior do que a própria queda, ter forças para erguer-se e transpor os limites da realidade? O que faz um torcedor mais fiel que aquele que vê o time caindo e levanta-se com ele com um vigor que pensou-se perdido e o impulsiona às vitórias posteriores?

Vencer não basta! Futebol é como a vida, na qual devemos conhecer o gosto da derrota, senão não poderemos dizer que vivemos. A raça e o vigor de uma torcida que permanece unida e numerosa mesmo depois de tantas derrotas é o que faz um time grande.

Claro que eu falo do Corinthians. Ou melhor, dos corinthianos, pois nós que temos um time. Nós o carregamos como um troféu e o erguemos bem acima de nossas cabeças para mostrá-lo a todos com o peito inchado de orgulho. Não um troféu de numerosas vitórias, mas um souvenir de obstáculos derrubados, de uma torcida sem a qual o time continuaria sendo grande, mas nunca seria "O todo poderoso Corinthians".

Se o time é o São Jorge, o santo guerreiro que a cada ano tem de derrotar vários dragões, a torcida é seu cavalo, sua base sólida que nunca se desfaz, só tem os músculos fortalecidos pelas experiências de batalhas.

Não só o Corinthians foi rebaixado, outros grandes também se ergueram, inclusive o arqui-rival Palmeiras e eu parabenizo com louvor. Mas como explicar uma torcida sofrida que levanta o time sempre com um número maior e maior de integrantes?

Há muito tempo atrás eu vi no jornal a história de um são paulino que sofreu um transplante de coração e, sem explicações, simplesmente começou a torcer pelo Corinthians. O jornal [creio que foi o próprio Globo Esporte, se alguém lembrar, me diga, por favor] foi atrás e descobriu que o doador era corinthiano. Você tem alguma explicação plausível para me dar?

Hoje mesmo, na record, vi a história de um corinthiano que sofreu um enfarto durante uma partida de futebol e o seu novo coração não era de um corinthiano, mas ele continuou a ser. Explicação?

Como explicar a paixão que ferve no peito sem uma causa aparente? Libertadores? Não, não temos. Mas nós desenvolvemos o nosso próprio poder de nos libertar. Libertar da ditadura dos títulos a todo custo e ficamos livres para amar.

Nós somos um só. Uma legião de loucos e delinquentes cujo único crime é amar demais e se render a esse amor. Carregamos o manto no corpo nas vitórias e derrotas [me chamaram de louca por sair com o manto um dia após o revaixamento], pois na primeira ou na terceira divisão um time que é garnde, permanece grande.

W.A.M.

P.S.: Sim, o post de hoje foi uma declaração escancarada de amor. A úníca que eu já diz em toda a minha vida.

Os pequenos pôneis



Show do Oscar Filho foi do Ca&%$*#, ontem! Eu sou uma fã assídua de stand-up comedy e Oscar, Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Marco Luque, Marco Gonçalves são meus top. Fiquei muito contente ontem, afinal eu era louca pra ver o pequeno pônei ao vivo. Ri muito [apesar de prestado mais atenção nas eprnas dele 8-)], mas algumas coisas não me escaparam, principalmente as coisas tecnológicas.

Adoro essa coisa de tecnologia. Não, porque a gente vai assistir a um show e sempre tem alguém que paga às vezes 50 reais [40, noc aso do Oscar] pela budega e em vez de ver, filma. Não contente assiste o show pela tela da câmera. Não é mais fácil esperar pelo youtube, pô?

Fora que eu tava na fila pra pegar autógrafo dele e tinha uma sequelada na minha frente que disse “a bateria ta acabando!”. Eu me compadeci da dor dela, né? Afinal, como ela ia tirar foto com o Oscar? Mas ela não tava preocupada com isso, ela disse: “como eu vou ver a foto?” Mas que diabos! A câmera não tem cabo? Ela não tinha computador? Eu empresto o meu pra ela, pô.

Bom, tecnologia a parte, a presentação valeu a pena as horas em pé esperando. O cara é sensacional. Perdoem-me humoristas cearenses, mas quando eu quiser rir, ou eu vou para SP ou os de SP vêm até mim.

P.S.: O Oscar só tava vatendo foto com 2 pessoas de cada vez e a anta da Wan aqui diz: "Bate uam pra mim?!" LOGO EU! Oscar: "Eu bato uma pra você" [cri cri]. Bom, ele não em jogou na coxia e chamou de camarim, mas essa conversa filosófica valeu já. ahsoaiuhsou bjsmeliga



W.A.M.

sábado, 11 de abril de 2009

No fio da navalha

Tão frágil quanto o mais puro cristal. Uma taça cheia que não seca aos poucos, e sim, quebra. Nunca mais poderá voltar a sua forma original e o líquido nunca será reutilizado. Assim é a fina confiança que depositamos em delicados recipientes sem lembrarmos que eles estão prontos para quebrar a qualquer momento.

Aqueles que confiam são corajosos e audazes de se arriscarem no fio da navalha da lealdade e os que recebem tal sentimento e o mantêm são dignos de admiração.

Mentiras são contadas todos os dias por você e por mim, mas mentir para quem confia em você é como assumir o papel da taça e jogar tudo fora. O problema é que isso é um suicídio: a taça sempre quebra. Lealdade é mais que uma qualidade, é uma obrigação de sobrevivência. Afinal, o que é a vida senão um jogo no qual devemos aprender a conviver para sobreviver?

Dar confiança é começar uma caminhada em equipe, lado a lado, correndo o risco de sofrer uma rasteira. Confiar é por você mesmo em um dos lados de uma balança torcendo para que ela continue equilibrada. Muitas vezes, a dama que segura a balança está vendada e somos deixados ao outro.

Quando a confiança se vai, o pacto é quebrado, o líquido é derramado... não há mais volta, não há mais um único caminho. Resta seguir o outro ramo da bifurcação e torcer que ele dê em algum lugar.

W.A.M.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dor que desatina pelo prazer de doer

De acordo com a psicóloga Ayala Pines, ciúme é "a reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade." E esse medo de perder a pessoa amada [seja namorado (a) ou amigo (a)] pode tormar-se obsessão. Ciúme é o mal de quem ama demais e não confia em quem ama ou não confia em si mesmo.

Eu mesma sofro de ciúme, confesso. Não com todo mundo, com pouquíssimas pessoas e específicas, portanto posso testemunhar: é ruim! Muito ruim! É totalmente diferente sentir ciúme, da sensação de que tem alguém sentindo ciúme de você. Saber que alguém ficou enciumado é quase uma prova de amor, mas quando você é essa pessoa e é você que sofre (porque sim, é um sofrimento) não há nada de bonito.

Em um relacionamento, seja ele qual for, é necessário um pouco disso de vez em quando, ele mostra que o outro é importante (mesmo que aja outars formas de demonstrar isso). Às vezes você nem nota que gosta tanto de alguém até que sente essa maldita queimação. Sim, uma queimação! Queima o estômago e até os neurônios. Tudo ferve e há um descontrole. Em muitas pessoas, interno, como em mim, em outras é externo. Este sim é um problema, principalmente pro pivô do ciúme.

Alguns simplesmente não gostam desse sentimento. Eu também não. Não quando ele sai do controle (comigo ou com os outros). Não gostaria de ver alguém me impedindo de estar com outro alguém por ciúme (espero que nunca aconteça) e, mais ainda, não gosto de senti-lo e ter em mim a vontade de pedir ao meu objeto de ciúme que se afaste de alguém, até porque eu nunca faria isso e o sofrimento interno simplesmente continua queimando e queimando.

Engraçado. Tive apenas um "namorado" e não sentia isso por ele, só cuidava, mas o dava plena liberdade. Na outra mão era vítima de sua possesividade doentia. Já com alguns amigos... me pergunto se não confio neles ou em mim. Levando em conta a tamanha auto-confiança que carrego, creio que pode ser um momento de fraqueza, achar que posso perder as pessoas amadas pra outras.

Maldito sentimento!
Parodiando Camões, ele sim:

Ciúme é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina pelo prazer de doer.

É um bem querer mais que só querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.


Eu tenho umas 4 pessoas de quem sinto ciúme. Elas quatro fazem-me sofrer sem querer. Será que é por isso que as amo tanto? A dor, essa sim é ums entimento necessário.

W.A.M.

P.S.: Texto besta e mal escrito só pra voltar aqui. Não tava postando por falta de tempo. =~~