sábado, 30 de outubro de 2010

Tão bem só! Mas tão só...

Deu trabalho limpar a sujeira. Não importa o quanto limpasse, continuaria sujo. Todos os espelhos estavam quebrados, mas assustava ver que os cacos continuavam refletidos no chão.
A casa agora estava livre daquela feia, gorda, grossa, amarga como chá de tia velha. A visão mais real vindoura de quem melhor me conhecia: eu mesma.
Olhos vermelhos de dor, voz rouca de clamar ajuda de quem melhor poderia ajudar... mas não estava a disposição. Nunca tinha certeza de resposta.
Não sabia telefones decorados nem tinha na agenda algum repetido diariamente. Nada de certezas... apenas a de que estava rodeada por vários "irmãos" e isso deveria bastar.
Não conseguia ter companhia. Estava bem só. Mas me sentia tão só...

W.A.M.

domingo, 10 de outubro de 2010

Blue moon...




A noite cansada tinha uma face acalentadora, a outra face em contrapartida, torturante. Eu fazia parte dela em todas as suas formas. Primeiro veio a angustiante tortura, arrancando-me cada fio de dignidade no fim do esquecido amor-próprio. Se dói? Só quando tento respirar. Neste ponto, respirar era tentador. Tenta... dor... O ar viajava pelo meu corpo tentando extrair de mim os mais pulsantes gritos. Preferi não abrir a boca. Em silêncio a dor é mais eficaz.

Naquela torturante noite procurei abrigo e ela me acolheu. Acalentadora, confortante e dolorosa noite. Por quanto tempo suportaria? Enquanto houvesse pulso. O álcool tornou-se sem graça, uma solução fulgaz para problemas duradouros. Os amigos foram se distanciando... Cansados da frequência com a qual essas noites vinham. Sempre que o sol se punha...

Noite dolorosa e confortante. Somente a luz da velha lua parecia sorrir para mim. Ou de mim.

W.A.M.