quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que faz você feliz?


Um mergulho no mar

cabelo desbotado

a cerveja gelada

ou com o caranguejo se sujar?


Uma pizza repartida

pastel caseiro

uma bola de vôlei

ou jantar com uma amiga?


Uma reunião descontraída

um convite inesperado

descascar com o sol

ou um abraço apertado?


Chocolate preto com caramelo

comida árabe depois da farra

uma carona pra longe

ou comer um marshmellow?


Acordar com uma mensagem

passar horas ao telefone

mandar um presente pra longe

ou chorar no ombro de alguém?


Um grito de alegria

um combo que vale por três

vencer uma briga de galo

ou rir dos amigos no outro dia?


O futebol na grama

contar os dedos de alguém

levar um caldo

ou aquela conversa na cama?


Hematomas que vêm do nada

Cerveja com pastel

uma confissão desnecessária

ou uma conversa inacabada?


Acordar os amigos de madrugada

ter uma mão pra segurar no cinema

oferecer uma cadeira

ou ser o motorista da rodada?


Uma tertúlia demorada

formar uma nova família

guardar segredos

ou um show de madrugada?


Pagar pro amigo uma comida

deixar alguém no aeroporto

um sorriso grátis

ou musicar a vida?


A vida musicada fica tão mais suportável. Não importa o que faz você feliz, o que importa é quem o faz.


W.A.M.

domingo, 4 de abril de 2010

A primeira

Um rosto angelical e o sorriso mais encantador que veria na vida. Foi o que ele pensou quando a viu. Diferente das outras que eram apenas efêmera diversão, ela transparecia as aspirações de uma vida. Uma vida que ele nem chegou a ter. Até aquele momento. Seria ela?

Os olhos dela sorriam apertados com os lábios escarando uma felicidade profunda. Nenhuma mais sorria assim. A harmonia da face formava um desenho digno das teorias de Da Vinci.

Não, nao era nenhuma Monalisa. Seu sorriso não inspirava mistério ou até mesmo medo. Ah, não... Seus lábios abraçavam. Falavam sem balbuciar uma só letra.

Ela estava lá, parada, olhando fixamente pro ser inerte, estonteado com sua beleza reveladora. Tão reveladora que não se sabia como decifrar tais revelações. De beleza tão escancarada que parecia intocável, impossível de ter.

Lá estava ela. O olhando com aqueles olhos apertados, o sorriso vibrante, os cabelos finos e desgrenhados. Pela face, adornos incomuns para o mundo do jovem observador. Adornos que falavam, tão por si quanto a imponência de sua figura curvada.

Ele resolveu que tentaria alcança-la de alguma forma. Mas como conseguir uma aproximação sem proteção para os olhos? Eram poucos os que conseguiam aproximar-se. O brilho daquela criatura ofuscava íris indignas.

Mesmo assim ele tentou. Tentou da forma mais óbvia possível. E despencou. Enquanto lágrimas formavam um mapa pelo rosto, ele se deu conta que meninos eram proibidos de brincar com bonecas e aquela estava na prateleira mais alta da estante.

O menino desistiu fácil, preferiu um carrinho qualquer, mas nunca esqueceria da boneca na prateleira. Com luz própria e, nas costas, em canetinha preta, um coração partido.

Era o seu.


W.A.M.