domingo, 7 de outubro de 2012

Eu acredito

Fortaleza não é bela. Para chegar a tanto é necessário alguém que realmente olhe nos olhos (não em uma bila).
Os problemas de Fortaleza não são resolvidos com uma simples caneta. São amenizados com a luta do dia-a-dia, nas ruas da cidade e não nas esquinas de outra terrinha.
Fortaleza não precisa de padrinhos de grandes oligarquias. Precisa de pulso e vontade de mudar.
Fortaleza também não quer um prefeito para chamar de seu. Quer um para chamar de nosso, para lutar pelo coletivo.

"EU vou fazer. EU vou mudar. EU lhe darei. EU construirei". NÓS não precisamos disso.

A juventude fortalezense me prova a cada dia que esse solo é local de insurgência, altruísmo, visão coletiva e não centralizada. É um local de transparência e dignidade. Essa mesma juventude que foi às ruas com um brilho nos olhos e a mesma vontade de mudar, de realmente fazer o voto valer a pena. São essas pessoas que me fazem crer em um futuro diferente, apesar das decepções quem insistem em vir de 4 em 4 anos.
Essa cidade está cansada de discursos e anseia por ações.
Fortaleza precisa de alguém que milite diariamente por seus direitos e não apenas por 3 meses de 4 em 4 anos. De alguém que saiba o que é ter os direitos cerceados, que escute o povo, que saiba o que andar de ônibus nessa cidade.
A pior parte é que Fortaleza ainda não sabe disso. Se recusa a votar em quem tem o poder de mudanças, porque, "segundo as pesquisas, não vai adiantar". Se recusa a ir além... se recusa a sonhar e acreditar que possa ser realidade.

2012 não foi totalmente perdido. Uma pessoa, abraçada por outras milhares, ensinou a boa parte de Fortaleza que nada é impossível de mudar. Pode não ter sido dessa vez, quem sabe em 4 anos, ou 8... 

Quem sabe um dia nosso prefeito olhe em nossos olhos e utilize a caneta para tornar essa cidade realmente bela.
Eu acredito.
 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

1 mês passa rápido, a dor não.

_Vem aqui fora! Surpresa pra você, fitinha!
_Quem é?! - a garota respondeu já pensando na resposta seguinte 'estou tomando banho'... 'preciso estudar'...
_Venha ver!
É... la foi ela em passos pesados e decididos a por um fim nessa futura conversa. Foi abrindo a boca pronta para despejar uma verborreia, de certo modo, deselegante, quando o viu. Parou de súbito. Escutou um sorriso largo seguido de uma risada rouca. 
_Venha dar um abraço, meu xodó.
Agora o mundo podia esperar mais uma visitinha surpresa do vovô. Mais uma oportunidade para falarem sobre futebol. Mais uma oportunidade para voltar a ser criança naquele colinho magro, porém cheio de calor humano.
***
Chegou a hora da netinha fazer a surpresa. Encontrou algo diferente do esperado. Sorte a dela que conseguiu um sorriso daquele homem acabado, esquálido, com um discurso sem perspectivas de vida, provavelmente escrito por um alemão que o faria esquecer de tudo depois.
As mais sinceras lágrimas borraram a maquiagem. E ele nem notou. O nó na garganta não a deixou externar. Tinha certeza que aquela seria a última conversa.
***
Em uma rede social, uma nova janela abre. "Prima, vovô está no hospital. Liga pro meu pai pra saber melhor". Hospitais viraram rotina naquela família, deveria ser um complicação leve. Nada grave.
*o telefone toca* "Meu amor, vem pro hospital. O médico autorizou a familia ver o papai pela última vez."
...
O grito de desespero fora tamanho de forma a assustar o vizinho. Sem pensar duas vezes pegou o carro com a esperança de que ele criasse asas mágicas.
No hospital encontrou um homem longe do que fora. Irreconhecível. Lutando enquanto entoava como uma sinfonia rouca e desesperada seus últimos suspiros. 
Tarde demais para devolver as visitinhas surpresas.
Conter o choro não era mais possível. Afluentes de lágrimas desciam a banhar o tórax castigado pelo cigarro que estava matando aquele homem. Em algum lugar ali estava escondido o vovô Lôia. A neta, lutando por ser entendida em uma última mensagem, lutando por medo dele ir embora sem saber... a garota avistou os olhos vidrados semi-abertos, acariciou a testa morna e gritou. Literalmente gritou: "EU TE AMO, VOVOZINHO!" Ato na esperança que ele ouvisse. Ato que não esboçou reação. 
Mais tarde o médico o liberou. Mas para morrer em casa. Era o último desejo.
***
O telefone, sempre ele. Tocou às 5 horas da manhã. Antes de tirá-lo do gancho o coração anunciara o que foi verbalizado pelo tio. "Papai viajou".
***
A ideia de vê-lo naquele caixão impessoal, a apavorava. Esperou as quase 24 horas do velório até conseguir ficar a sós. O coração doía de uma forma inexplicável.
Ele estava lindo. Do jeitinho que era em vida. Faltava apenas o largo sorriso que sempre quebrava as pernas da netinha.
Um beijo na testa e o susto. O frio mórbido e temido estava ali. Levara todo o calor do corpo de quem um dia a aqueceu. Levara tudo, menos as lembranças dos 2.
***
Ele está ali. Parado no cantinho da porta só observando a neta adolescente brincar de cavalinho com os outros netinhos. De repente a gargalhada rouca. "A única que gostava de mim assim e me deixava brincar quando criança era você. Xodó do vovô".
Emocionada, deu um beijo na testa do homem. Quente como o sol do sertão onde nasceu e onde preferiu ir embora.
***
Até já, vovô. Nem esse mês completado hoje, nem 50 anos, apagarão seu sorriso rouco do meu coração.

W.A.M.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sentir mais, pensar menos, por favor.

Ouço soluços desesperados por coisas tão supérfluas. Ouço soluços de pessoas no escuro por continuarem com os olhos fechados. Ouço soluços quando mais fácil seria abrir os olhos, secar as lágrimas e procurar soluções.
Fácil falar de amor quando seu coração não reage ao mínimo esforço. Melhor parar de ler por aqui, caro leitor, minhas teorias podem ser inúteis e podem vir a desagradar as mulheres de plantão e àqueles que se entitulam "Os canalhas".
Homem não ilude. Mulher se ilude. Teoria louca, mas deixe-me explicar. 
Há canalhas por toda parte. Eles tem sorriso largo, carícias gostosas, abraços calorosos. Eles te tratam bem no momento em que estão com você. Depois... passou. Digam-me: que há de errado nisso? A maioria dos canalhas não promete a você flores no dia dos namorados, não planejam seus filhos, nem prometem ligar no outro dia. A maioria não diz que te ama, apenas que te quer. Eles não verão filme despretensiosamente com você num domingo à noite, nem te levarão pra beber com os amigos deles. Eles não dizem o que querem, porque homens não têm a necessidade de verbalizar cada ação e sentimento. Para eles está tudo explícito nas atitudes.
Se prestarmos atenção, está mesmo. O mal da mulher é receber uma mensagem chamando para um cinema e imaginar que ele passou o dia todo pensando nela, pensando em chamá-la para sair. O mal é sonhar. Mas, digo de novo, que mal há nisso? 
Os tais canalhas tem um porquê de se chamar assim. Geralmente tiveram desilusões adolescentes de amores que foram os primeiros e, na época, pareciam ser os últimos. Geralmente foram fofos, meigos e pensavam sim num dia dos namorados. Aí veio uma mocinha e partiu os corações deles.
Aí eu digo. E daí, rapazes? As mocinhas também passaram por isso. A maioria continua sonhando, enquanto vocês fizeram o caminho inverso. Vocês acham que são os canalhas, mas são elas,  as pobres sonhadoras, que imaginam mundos quando vocês não se acham capazes de oferecer nada.
Continuo dizendo. Homem não ilude. Claro que há aquelas excessões que lhe levam para um jantar romântico em um dia e no outro levam outra garota. Mas são excessões daqueles que não são capazes de amar nem a si próprios.
Mulheres, seu mal está em fantasiar, imaginar um homem perfeito quando ele não existe. Também não há mulher perfeita. Não há perfeição. Parem de por a culpa nos tais canalhas. Homens, não se dêem todo crédito por partir o coração de uma moça. Ah, não... vocês são os menos culpados.
Mulheres, parem de achar que todo homem é canalha. Homens, parem de tratar uma mensagem de uma mulher como paixão. Ninguém é igual. Nosso mal é pensar demais.
Palavras de uma mulher, mas só de uma. Então, como bons "canalhas",  melhor nem levar a sério.

W.A.M.