terça-feira, 7 de setembro de 2010

Alprazolam

Tinha um quê de melancolia, a face úmida, uma cruz invisível sobre os ombros. Tanto que andava mais curvada, as dores pulsavam, os soluços substituiam a voz que, quando saía, era ainda mais grave que o normal.

Tinha tudo. Família, amigos, trabalho estável e estudo, mas nesse quebra-cabeças faltava alguma peça e as outras já estavam corroídas pelo tempo. Desilusões, problemas, desgastes, cansaço... eles apareciam para substituir a razão de estar vivo.

Cabeça dolorida, olhos ardidos, voz embargada e uma sincera vergonha de si. Vergonha de saber que nada vai mudar se continuar chorando, vergonha de por algum momento não encontrar forças para levantar, vergonha de cada um dos sentimentos retidos no peito.

Não sabia porque continuar, mas tinha uma certeza, se decidisse ir em frente teria alguém ao seu lado. Agora era respirar fundo e se agarrar a isso.

Se amor não fosse o bastante, seria melhor desistir de si.

W.A.M.

Nenhum comentário: