sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A rubra paz

Ele cansou. É... simplesmente cansou, só não sabia porquê. Arfava naturalmente, a fala era soprada e trêmula como as pernas cambaleantes. Passara o dia só, deitado na poltrona da sala, olhando para as paredes cor de gelo e estava cansado.
Farto de não entender a indisposição que o acometia, ligou o seu velho carrinho preto e o direcionou para... para algum lugar, não sabia onde, só queria um lugar para descansar. Estava cansado.
Não era seu costume correr muito, mas não conseguia controlar o próprio corpo e o pé parecia pesar no acelerador. Pisou fundo, enquanto a velocidade aumentava. Entrou na BR e se antes estava preocupado com o descontrole do corpo, agora se via feliz, pois ele libertava a mente e a mente voava como uma Ferrari ao mesmo tempo que ele corria em seu carrinho popular.
Os prédios viraram borrões cinza, pareciam fumaça passando pela janela e logo pareciam rascunhos verdes que não paravam de colorir sua visão. Ele gostou e queria mais cores. Talvez pisar fundo fosse como pintar um novo mundo mais colorido e interessante que o seu. Talvez além do cinza e do verde, pudesse colorir o mundo com uma cor mais... humana. Por isso correu e pisou fundo até o último ponto do velocímetro.
Enfim viu ao longe um ponto bege movimentando-se junto com as cores que a velocidade produzia. O ponto foi chegando perto, bem perto, bem perto... Perto o bastante para que ele notasse que era engano.
A única cor viva naquele pedaço de estrada, logo enrubesceu. Ficou de um escarlate que não transmitia mais cansaço e sim... paz.

W.A.M.

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