domingo, 13 de setembro de 2009

O pecado da criação

E quando a boca foi calada, o rosto empalideceu e virou moldura. Uma tela em branco onde outra boca era desenhada, pintada, detalhada em cada pequeno traço.

Logo a branca tela tornou-se rubra e quente como se estivesse sendo pintada com o fogo da paixão mais doce e perversa, mais singela e arrebatadora.

O desenho foi tomando vida. Traços e cores surgiram como se fosse o dedo de Deus desenhando um Adão que já existia, mas precisava de fôlego para começar a viver. Não foi do pó que esse Adão surgiu, mas da boca de uma Afrodite que oferecia-lhe o mais suculento fruto existente.

Então vieram os olhos que demoraram, só eles, sete dias para ficarem prontos. Doces, profundos e cortantes olhos azuis-esverdeados onde poder-se-ia ver a criação, do azul infinito do firmamento e do reino de Poseidon, ao recanto sombrio e envolvente da mãe natureza.

A paixão tornou-se amor ao perder-se naqueles olhos de algodão, que pareciam ter uma forma diferente a cada olhar. Pareciam falar.

Estava completo, a não ser por uma costela que não faria falta. Era a vida finalmente bombeando seu sangue, como se antes faltasse uma metade e agora não mais.


W.A.M.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito punk... metáfora muito bme elaboradas e um anseio por dizer a verdade de forma altamente prolixa perfeito!!! muito bom... toh viviado no teu blog sua fofurona...