domingo, 1 de março de 2009

Imagem x Analogia

Em meus estudos sobre imagem foi interessante notar alguns aspectos do modo como concebemos a imagem, principalmente se a relacionar-mos com a analogia.
O costume de ver as imagens de forma analógica leva-nos a confundir imagem com realidade, como na fotografia. Todavia um quadro de Picasso, por exemplo, que é visto artísticamente, não concebido de forma real, por “distorcer” as imagens que pré-formulamos.

Segundo Ernst H.Gombrich, o anseio por imitar a natureza é oriundo da vontade de recriá-la e reproduzi-la. A vida nunca poderá tomar as formas da arte, mas a arte pode imitar a vida de forma moldada, o que foge da vela máxima: "a vida imita a arte".

Para aprofundar- mo- nos no assunto é preciso entender melhor essa analogia e também seu possível “sinônimo”, a mimese, tão popular entre os filósofos gregos. Mimese vem de Mímesis e significa imitação. Essa relação tem sentido se pensarmos que crer em uma imagem está diretamente relacionado com o fato dela ser fictícia. Segundo André Bazin o aparecimento da fotografia e sua perspectiva, fez com que a pintura se distanciasse da realidade e a foto tornou-se mais crível pela sua objetividade e por satisfazer a necessidade de ilusão nas mentes dos apreciadores. Entretanto, para Nelson Goodman essa idéia de “imitação” é irreal, afinal não é possível representar perfeitamente o mundo, porque não sabe-se como é esse mundo. Para ele, concomitantemente ao ato de representar, cria-se.

É possível supor, a partir de tais idéias que a analogia possui gênese empírica, foi modificada e criada ao longo dos tempos por diferentes situações e é usada para alcançar fins simbólicos. Assim a analogia mistura a imitação do real com a representação simbólica do mesmo.

Por muito tempo uma imagem somente era analógica se “correspondesse” à realidade e se não o fosse, não era real. Hoje sabe-se que há várias maneiras de ver uma mesma imagem e cada um a codifica de acordo com suas vivências e padrões sociais.

É de extrema importância traçar uma linha de diferença entre realismo e analogia. A imagem realista informa sobre a realidade e não tenta imitá-la, enquanto a analogia o faz e está ligada apenas às aparências. Contudo, esse realismo é relativo, enquanto a analogia pode remeter ao real informando, o realismo não é absoluto. As próprias vertentes do realismo não têm tantas semelhanças entre si. Elas dependem da sociedade e da ideologia de cada época.

O que realmente sabe-se é que a perspectiva, essa arte de transformar a tridimensionalidade em objetos planos informadores, foi a grande transformadora da concepção de reprodução de imagem. Ela alimentou nossa necessidade de ilusão do real e reinventou a arte. Viva a fotografia, tão revolucionária e tão objetiva.


W.A.M.


P.S.: Marina,eu não consigo reponder-lhe, pois seus comentários em seus blogs foram fechados. Me manda como fazer o facebook que faço ^^ ;*********



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