O corpo exala o odor de tempos pecaminosos e solitários. Um all star sujo e furado. Uma calça rasgada pelo tempo. Uma vontade gastada de realizar.
Pelas ruas cor cinza da metrópole, ela vaga. E chove. Mas não importa-se com a chuva. Tanto faz. Na verdade, que bom que chove essa água fria que vem daquele lugar ao qual ela quer chegar e acaricia o corpo fazendo massificar o cheiro ruim do nada.
Ela quer se esconder. A natureza não deixa. A pele alva destaca-se entre os sóbrios tons de cinza da cidade e ela canta. "Eu quero uma casa no campo, onde eu possa fazer muitos rocks rurais". Que canção tola para ser lembrada em tal momento. Quase tão tola quanto ela.
Ela chora. Ah! Que bom que chove! A chuva é uma boa maquiagem para o seu estado e a moça deixa-se iludir mesmo sabendo que não há como disfarçar um sentimento.
A rua deserta parece falar. Mais que falar! Ela ora a um força maior que ela, maior que a garota. Ora para que mais pés vestindo tênis velhos ou mesmo pés ainda despidos pisem naquele chão e deixem-se lavar. E deixem-se levar.
Ela está se deixando levar.
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