quarta-feira, 15 de agosto de 2012

tic-tac-tum


"Tic-tac, tic-tac, tic-tac", disse o ponteiro do relógio que carregava no pulso. Disse com um tom irritante, como quem diz: "Não adianta esperar, garota! Ele não vai chegar".
Enquanto os ponteiros resmungavam entre si, o peito quase não tinha forças para segurar um coração frenético. "Tum-tum, tum-tum, tumtumtumtum, tumtumtumtum", disse ele por ser educado. Mas na verdade queria berrar: "Que espera dolorosa, não aguento mais!!!!!"
Maldita vontade de alardear ao vento quente daquela noite o que se passava com ela já havia um tempo. Não tinha experiência o bastante para dissertar sobre as coisas da vida, mas bastou sentir a pimeira vez para saber que aquilo era paixão. Que esquenta as maçãs do rosto e borbulha como água quente correndo pelas veias.
E olha que ele nem havia chegado. Aquilo tudo era apenas na esperança de vê-lo mais uma vez. Admirar, mesmo que ao longe, o que vira e, ao mesmo tempo, entender o que vira de tão especial.
Relógio e coração gritaram em uníssono quando ele finalmente surgiu com aquele sorrigo largo com gostinho de suco de morango. 
Parou. Sorriu. Abraçou. Silenciou. De repente o relógio ficou mudo, os ponteiros pararam de brigar e congelaram. O coração esqueceu as reclamações para descansar junto ao outro que o acolhia tão bem.
Valeu a pena esperar só por aquele momento mesmo que o seguinte fosse cheio de incertezas e indagações. Medo de acordar abraçando o travesseiro.

W.A.M.

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