Sabe aqueles sentimentos? Aquelas sensações pérfidas e involuntárias que vão e voltam em enlouquecedor efeito sanfona deixando marcas que vão além do sedoso tecido epitelial, sabe delas? Não você não sabe não é? Talvez porque nunca deixou que nada ultrapassasse a pele pelo simples medo de agulha. Medo daquela agulha que costura um no outro utilizando as próprias entranhas como barbante até sentir-se sufocado no vermelho, quente e protetor pulôver proveniente.
Lembra daquele último beijo que disseste não ser o último, mas o tornou tal? E aquele aperto de mão que quisera que fosse o primeiro de muitos, mas não ousou apertar as outras mãos de novo porque eram ásperas demais? Aliás, quantas vezes disseste que ia mudar tua vida, que ia se renovar a cada dia? Não me faça rir. Venho por meio desta informar-te que és uma piada. Daquelas bem chulas encontradas nas compilações de anedotas em bancas de esquina com folhas amareladas pelo tempo.
Me diz: O que falta para que tua vida seja melhor? Vou te dizer uma coisa: não aguento mais conviver contigo, maldita criatura que morre de medo de sentir. Sentir a si e principalmente sentir ao outro. Onde ficou aquela alma de poeta que disseste ter há uns anos atrás? Por acaso crês que tua mediocridade continua a mesma? Tu és a cada dia mais insuportável para si mesmo.
Sinto-me transtornada ao lembrar do que vivemos juntos; aliás, do que não vivemos juntos, pois tinhas medo do que pensariam os outros. Sim porque talvez aquele beijo não fosse digno o bastante ou aquele abraço constranger-te-ia.
Maldita sejas tu, abominável criatura que faz-me doer fundo no âmago como se deitar em cama de faquir fosse remédio para o transtorno no corpo e da alma neste momento. Que digo eu! Que alma? A mesma que tu elucidaste amar sem conseguir sustentá-la?
Não, não diga nada. Tu não és digno das próprias cordas vocais. Queres reivindicar direito de resposta? Então, primeiro VIVA! Vai! Fala com quem nunca mais falou, desenterra amores inacabados, acaba teus assuntos, procura novos e termina-os. Vamos! Tome um porre, dance, diga um palavrão, leve um murro para ver se ainda sentes essa tua cara. Prove dos melhores venenos e dos piores remédios, frequente os melhores cabarés e as piores igrejas, corras atrás do seu direito de ser imperfeito. Tranque o passado, jogue a chave aos tubarões e depois, nade com eles. Arrisque sua vida! A morte por uma tentativa é mais digna que a simples morte na passividade.
Seja! Ande sobre brasas até que seus pés criem resistência ao fogo, mas não os deixe muito tempo para que percam a sensibilidade. Sinta!
Estás com saudade? Abrace! Queres beijar? Vá em frente! Se livre desse medo e depois venha falar comigo. Mas só venha quando souberes costurar.
W.A.M.
6 comentários:
sim, VIVA!!! essa eh a minha filosofia agora!
Nossaaaaaa! Se sentimentos fosse um órgão seria muito fácil perceber, ele habita no planeta Sensível de cada um de nós (Interior). Amei suas postagens, lindas. Parabéns abraços Heudes.
....
Um bom "sacode" para mim...
gostei muito..
Muito bom! Li como se fosse pra mim mesma... foram bofetadas necessárias... Espero agora que eu faça bem mais do que simplesmete ter lido e gostado... Obrigada
adorei o seu texto. Me identifiquei muito. Estamos sempre deixando as coisas que realmente importam de lado, muitas vezes por medo.
parabéns
Postar um comentário