sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Como se mede mesmo?

Naquele lugar tudo era lembrança. Memórias dançavam como fantasmas à sua frente, contando histórias alegres como naqueles tempos.
Sentada no sofá, o vento gélido e forte acariciando os cabelos, ela via os amigos, as risadas, aquela prova de roupas marcante, aquela noite de brincadeiras, aquele dia choroso, o primeiro beijo de dez andares, o primeiro grito por leite, os primeiros amigos que a fizeram sentir viva.
Os fantasmas simplesmente caminhavam e refaziam os momentos como se fossem orogramas despropositais com o maior dos propósitos: lembrar que nada foi por acaso.
Por mais que aqueles corpos à sua frente não fossem compostos de músculos e não tivessem em si orgãos pulsantes, eles emanavam amor. Um amor que não podia ser medido em tempo, trabalhos ou festas, mas nas vezes nas quais os corações daqueles fantasmas bateram acelerados em uníssono.
Isso ninguém poderia tirar-lhe, pois o presente ou o futuro não mudam o que não pode deixar de ser.

W.A.M.

Um comentário:

Danilo Castro disse...

Wan,

Suas palavras me soam como vários pontos de interrogação juntos. Acho que conhecer quem escreve certas vezes não é tão bom. Apesar da distância, imagino que conheço você e pior (não pense no mal sentido da palavra pior, aqui é apenas um termo sensacionalista para intensificação do que quis dizer), imagino o que motivou-a a escrever algo tão denso. Queria um olhar sociológico diante da coisa escrita, queria um distanciamento brechtiano, talvez, mas é impossível. Estou contaminado.

Saudades, abraço!

Danilo.