Um abrir de porta. Foi o bastou para que tudo começasse. As mãos que seguraram firmemente a maçaneta gasta, logo escorregaram da mesma com um suor frio. Quem diria que abrir a porta mudaria a vida daquele homem para sempre.
Do outro lado, estática nos degraus da frente, acompanhada por um senhor, estava ela. Vestido de chita em cor clara, fita no cabelo e sapatos modestos cobriam a pele alva. Os negros olhos baixos numa timidez inocente levantaram-se para fitar, como quem não quer nada, o moço à porta.
Alto, cabelos castanhos bem penteados, uma elegância natural mesmo em roupas baratas e um sorriso sincero de quem acabara de conhecer o céu.
"Walderi! Fale direito com sua prima!", alguém gritou lá de dentro. Falaria se encontrasse palavras. Estendeu-lhe a mão grossa e calejada e apertou uma outra. Pequena, porém também calejada dos anos de sofrimento e escravidão em um internato. Ela baixou mais ainda a cabeça bonita e tentou esconder a felicidade tímida que crescia no canto dos lábios.
Eles não sabiam, na verdade até imaginaram, mas naquele momento uma vida começava. Daquele simples abrir de porta, vieram cinco filhos, sete netos, dois bisnetos... Veio uma vida dura. Passaram fome, frio, medo. Mas juntos, tudo ficou mais fácil.
O encontro do homem sofrido do campo com a mulher inocente e trabalhadora do internato resultou em força, batalha, vontade de vencer. Juntos construíram uma casa, criaram filhos, conseguiram um patrimônio. Juntos. Talvez nada disso fosse possível se aquela porta não tivesse sido aberta pela pessoa certa, na hora certa.
Juntos viveram e hoje, mesmo sem ela, é pela doce moça da porta que ele vive e para quem deseja voltar. E toda noite sonha com o dia em que será a vez dela lhe abrir a porta.
[Texto inspirado em história real, contada pelo meu avô sobre como conheceu minha saudosa vozinha...]
Do outro lado, estática nos degraus da frente, acompanhada por um senhor, estava ela. Vestido de chita em cor clara, fita no cabelo e sapatos modestos cobriam a pele alva. Os negros olhos baixos numa timidez inocente levantaram-se para fitar, como quem não quer nada, o moço à porta.
Alto, cabelos castanhos bem penteados, uma elegância natural mesmo em roupas baratas e um sorriso sincero de quem acabara de conhecer o céu.
"Walderi! Fale direito com sua prima!", alguém gritou lá de dentro. Falaria se encontrasse palavras. Estendeu-lhe a mão grossa e calejada e apertou uma outra. Pequena, porém também calejada dos anos de sofrimento e escravidão em um internato. Ela baixou mais ainda a cabeça bonita e tentou esconder a felicidade tímida que crescia no canto dos lábios.
Eles não sabiam, na verdade até imaginaram, mas naquele momento uma vida começava. Daquele simples abrir de porta, vieram cinco filhos, sete netos, dois bisnetos... Veio uma vida dura. Passaram fome, frio, medo. Mas juntos, tudo ficou mais fácil.
O encontro do homem sofrido do campo com a mulher inocente e trabalhadora do internato resultou em força, batalha, vontade de vencer. Juntos construíram uma casa, criaram filhos, conseguiram um patrimônio. Juntos. Talvez nada disso fosse possível se aquela porta não tivesse sido aberta pela pessoa certa, na hora certa.
Juntos viveram e hoje, mesmo sem ela, é pela doce moça da porta que ele vive e para quem deseja voltar. E toda noite sonha com o dia em que será a vez dela lhe abrir a porta.
[Texto inspirado em história real, contada pelo meu avô sobre como conheceu minha saudosa vozinha...]
W.A.M.